Por muito tempo, os brechós carregaram uma imagem equivocada. Eram vistos como lugares improvisados, com pilhas de roupas usadas, peças sem curadoria e pouca atratividade estética. Para muitos, entrar em um brechó era quase um último recurso, algo reservado a quem precisava economizar, e não a quem queria expressar estilo.
Mas os tempos mudaram. E mudaram para melhor.
Hoje, os brechós conquistaram seu espaço com louvor. De ambientes desorganizados, passaram a ser reconhecidos como verdadeiros templos da moda sustentável. O que antes era “roupa de segunda mão” virou, com orgulho, um achado exclusivo, uma peça com história, identidade e alma.
As vitrines dos brechós atuais são cuidadosamente montadas. A decoração conversa com o conceito da marca. Há playlists pensadas para criar atmosfera, aromas personalizados, iluminação que valoriza os tecidos e, claro, uma curadoria afinada que seleciona cada peça com carinho e conhecimento de moda.
E quem frequenta esses espaços? Não apenas quem busca economia, mas também fashionistas exigentes, influenciadores de estilo, clientes conscientes e apaixonados por originalidade. Para esse novo público, comprar em brechó não é apenas consumir, é fazer parte de um movimento global.
Essa revolução nos cabides tem fundamento sólido.
Por trás desse crescimento há três pilares fundamentais:
🔹 Especialidade: hoje, os melhores brechós contam com profissionais especializados em moda, tecidos e tendências. Cada peça é escolhida com critério, pensando no estilo, no caimento e na possibilidade de combinação.
🔹 Autenticidade: o que mais atrai os clientes é a possibilidade de encontrar peças únicas, que não estão nas vitrines das grandes redes. Um vestido dos anos 70, uma jaqueta de couro com história, uma bolsa vintage da década passada. O brechó é onde o diferente mora.
🔹 Propósito: consumir de forma mais consciente, sustentável e responsável virou prioridade para muitas pessoas. E o brechó é o espaço ideal para isso. Comprar de segunda mão é um ato de amor ao planeta — e também ao próprio estilo.
Assim, o que era marginalizado, agora é celebrado. Os brechós deixaram de ser “alternativa” e passaram a ser tendência dominante entre quem entende que moda vai muito além do que está nas passarelas: ela está nas escolhas, nos valores e nas histórias que vestimos todos os dias.
A nova cara dos brechós: curadoria é a palavra-chave
Quem entra hoje em um brechó moderno percebe rapidamente a diferença. Em vez de desorganização, encontra curadoria especializada, decoração pensada e até atendimento personalizado. Algumas lojas oferecem provadores espaçosos, playlists autorais e aromas exclusivos. A experiência de compra se aproxima mais da de um ateliê do que de uma loja comum.
Segundo a especialista em moda circular Marina Souza, fundadora do projeto ReUse Chic, a curadoria é o que transforma o brechó em um negócio com autoridade:
“Não basta vender roupa usada. Hoje, o cliente quer história, estilo e, principalmente, confiança de que está adquirindo uma peça única e de qualidade.”
Dados não mentem: o crescimento é real
De acordo com o relatório da ThredUp (maior plataforma de segunda mão dos EUA), o mercado global de roupas usadas deve dobrar até 2027. No Brasil, a tendência segue firme: o interesse por brechós aumentou mais de 150% nos últimos três anos, segundo dados do Google Trends.
E o mais curioso: 40% dos compradores de brechó nunca tinham comprado usado antes da pandemia. A crise econômica e a crescente preocupação ambiental mudaram o comportamento do consumidor.
Sustentabilidade com estilo: o futuro da moda é circular
O impacto ambiental da indústria da moda é alarmante. Para produzir uma única calça jeans, são necessários até 11 mil litros de água. Já uma peça esquecida no armário pode demorar décadas para se decompor. Ao comprar em brechós, o consumidor contribui para reduzir o desperdício, diminuir a pegada de carbono e ainda encontra peças com design atemporal.
A consultora de imagem e estilo Patrícia Lemos, que hoje só compra roupas em brechós, explica:
“Garimpar é uma arte. E quando você encontra aquele blazer perfeito ou um vestido vintage que ninguém mais tem, a sensação é de vitória. Além disso, você consome de forma ética.”
O que observar antes de comprar em um brechó?
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Verifique o estado da peça: evite itens com manchas, furos ou costuras soltas.
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Procure pela etiqueta original: muitas peças de marca aparecem em ótimo estado por preços incríveis.
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Dê preferência a tecidos naturais: como algodão, linho e lã — duram mais e são confortáveis.
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Negocie com gentileza: muitos brechós permitem descontos ou combos.
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Higienize corretamente: ao chegar em casa, lave a peça de acordo com o tipo de tecido.
O segredo dos brechós de sucesso? Confiança
Um bom brechó não vende apenas roupas, ele vende confiança. Os melhores estabelecimentos possuem políticas claras de troca, embalagens cuidadosas e até certificação de higienização. Tudo isso passa credibilidade e gera fidelização.
Segundo pesquisa da ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), 76% dos consumidores afirmam que voltariam a comprar em um brechó onde se sentiram bem atendidos.
Curiosidade: por que o nome “brechó”?
O termo “brechó” surgiu no século XIX e tem origem no nome de um mascate chamado Belchior, que vendia objetos usados no Rio de Janeiro. As pessoas começaram a dizer que iam “no Belchior”, que acabou virando “brechó” com o tempo. Interessante, não?
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